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Capítulo 12 de 16

1E começou a falar-lhes em parábolas: “Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, edificou uma torre, arrendou-a a vinhateiros e ausentou-se daquela terra.

2A seu tempo, enviou aos vinhateiros um servo, para receber deles uma parte do produto da vinha.

3Ora, eles prenderam-no, feriram-no e reen­viaram-no de mãos vazias.

4Enviou-lhes de novo outro servo; também este feriram na cabeça e o cobriram de afrontas.

5O senhor enviou-lhes ainda um terceiro, mas o mataram. E enviou outros mais, dos quais feriram uns e mataram outros.

6Restava-lhe ainda seu filho único, a quem muito amava. Enviou-o também por último a ir ter com eles, dizendo: Terão respeito a meu filho!...

7Os vinhateiros, porém, disseram uns aos outros: Este é o herdeiro! Vinde, matemo-lo e será nossa a herança!

8Agarrando-o, mataram-no e lançaram-no fora da vinha.

9Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e exterminará os vinhateiros e dará a vinha a outro”.

10“Nunca lestes estas palavras da Escritura: A pedra que os cons­trutores rejeitaram veio a tornar-se pedra angular.

11Isto é obra do Senhor, e ela é admirável aos nossos olhos” (Sl 117,22s)?

12Procuravam prendê-lo, mas temiam o povo; porque tinham entendido que a respeito deles dissera esta parábola. E, deixando-o, retiraram-se.* (= Mt 22,15-22 = Lc 20,20-26)

13Enviaram-lhe alguns fariseus e herodia­nos, para que o apanhassem em alguma palavra.

14Aproximaram-se dele e disseram-lhe: “Mestre, sabemos que és sincero e que não lisonjeias a ninguém; porque não olhas para as aparências dos homens, mas ensinas o caminho de Deus segundo a verdade. É permiti­do que se pague o imposto a César ou não? Devemos ou não pagá-lo?”.

15Conhecendo-lhes a hipocrisia, respondeu-lhes Jesus: “Por que me quereis armar um laço? Mostrai-me um denário”.

16Apresentaram-lho. E ele perguntou-lhes: “De quem é esta imagem e a inscrição?” “De César” – responderam-lhe.

17Jesus então lhes replicou: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. E admiravam-se dele. (= Mt 22,23-33 = Lc 20,27-40)

18Ora, vieram ter com ele os saduceus, que afirmam não haver ressurreição, e perguntaram-lhe:*

19“Mestre, Moisés prescreveu-nos: Se morrer o irmão de alguém, e deixar mulher sem filhos, seu irmão despose a viúva e suscite posteridade a seu irmão.

20Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou e morreu sem deixar descendência.

21Então, o segundo desposou a viúva, e morreu sem deixar posteridade. Do mesmo modo o terceiro.

22E assim tomaram-na os sete, e não deixaram filhos. Por último, morreu também a mulher.

23Na ressurreição, a quem desses pertencerá a mulher? Pois os sete a tiveram por mulher”.

24Jesus respondeu-lhes: “Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus.

25Na ressurreição dos mortos, os homens não tomarão mulheres, nem as mulheres, maridos, mas serão como os anjos nos céus.

26Mas, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés como Deus lhe falou da sarça, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Ex 3,6)?

27Ele não é Deus de mortos, senão de vivos. Portanto, estais muito errados”. (= Mt 22,34-40 = Lc 10,25-28)

28Achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?”.

29Jesus respondeu-lhe: “O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor;

30amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças.

31Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe”.*

32Disse-lhe o escriba: “Perfeitamente, Mestre, disseste bem que Deus é um só e que não há outro além dele.

33E amá-lo de todo o coração, de todo o pensamento, de toda a alma e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, excede a todos os holocaustos e sacrifícios”.

34Vendo Jesus que ele falara sabiamente, disse-lhe: “Não estás longe do Rei­no de Deus”. E já ninguém ousava fazer-lhe perguntas. (= Mt 22,41-46 = Lc 20,41-44)

35Continuava Jesus a ensinar no templo e propôs esta questão: “Como dizem os escribas que Cristo é o filho de Davi?

36Pois o mesmo Davi diz, inspirado pelo Espírito Santo: Disse o Senhor a meu Senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos sob os teus pés (Sl 109,1).

37Ora, se o próprio Davi o chama Senhor, como então é ele seu filho?”. E a grande multidão ouvia-o com satisfação.* (= Mt 23,1-7 = Lc 20,45ss)

38Ele lhes dizia em sua doutrina: “Guardai-vos dos escribas que gostam de andar com roupas compridas, de ser cumprimentados nas praças públicas

39e de sentar-se nas primeiras cadeiras nas sinagogas e nos primeiros lugares nos banquetes.

40Eles devoram os bens das viúvas e dão aparência de longas orações. Estes terão um juízo mais rigoroso”. (= Lc 21,1-4)

41Jesus sentou-se defronte do cofre de esmola e observava como o povo deitava dinheiro nele; muitos ricos depositavam grandes quan­tias.

42Chegando uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, no valor de apenas um qua­drante.*

43E ele chamou os seus discípulos e disse-lhes: “Em verdade vos digo: esta pobre viú­va deitou mais do que todos os que lançaram no cofre,

44porque todos deitaram do que tinham em abundância; esta, porém, pôs, de sua indigência, tudo o que tinha para o seu sustento”. (= Mt 24,1-28 = Lc 21,5-24)