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Capítulo 6 de 24

1Em dia de sábado, Jesus atra­vessava umas plantações; seus discípulos iam colhendo espigas (de trigo), debulhavam-nas na mão e comiam.

2Alguns dos fariseus lhes di­ziam: “Por que fazeis o que não é permitido no sábado?”.

3Jesus respondeu: “Acaso não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os seus companheiros;

4como entrou na casa de Deus e tomou os pães da proposição e deles comeu e deu de comer aos seus companheiros, se bem que só aos sacerdotes era permitido comê-los?”*

5E ajuntou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”. (= Mt 12,9-14 = Mc 3,1-6)

6Em outro dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e ensinava. Achava-se ali um homem que tinha a mão direita seca.

7Ora, os escribas e os fariseus observavam Jesus para ver se ele curaria no dia de sábado. Eles teriam então pretexto para acusá-lo.

8Mas Jesus conhecia os pensamentos deles e disse ao homem que tinha a mão seca: “Levanta-te e põe-te em pé, aqui no meio”. Ele se levantou e ficou em pé.

9Disse-lhes Jesus: “Pergunto-vos se no sábado é permitido fazer o bem ou o mal; salvar a vida, ou deixá-la perecer”.

10E, relanceando os olhos sobre todos, disse ao homem: “Estende tua mão”. Ele a estendeu, e foi-lhe restabelecida a mão.

11Mas eles encheram-se de furor e indagavam uns aos outros o que fariam a Jesus. (= Mt 10,1-4; 12,15-21 = Mc 3,13-19)

12Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.

13Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos:

14Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Barto­lomeu,

15Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;

16Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor. Multidão de discípulos

17Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judeia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e serem curadas de suas en­fermidades.

18E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.

19Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos. (= Mt 5ss)

20Então, ele ergueu os olhos para os seus discípulos e disse: “Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus!*

21Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis!

22Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infa­me por causa do Filho do Homem!

23Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas.

24Mas ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação!

25Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vós, que agora rides, porque gemereis e chorareis!

26Ai de vós, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais deles aos falsos profetas!

27Digo-vos a vós que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,

28abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam.

29Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. E ao que te tirar a capa, não impeças de levar também a túnica.

30Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames.

31O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles.*

32Se amais os que vos amam, que recompensa mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam.

33E se fazeis bem aos que vos fazem bem, que recompensa mereceis? Pois o mesmo fazem também os pecadores.

34Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que recompensa mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.

35Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bom para com os ingratos e maus.

36Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.

37Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados;

38dai, e vos será dado. Será colocada em vosso regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também”.

39Propôs-lhes também esta comparação: Pode acaso um cego guiar outro cego? Não cairão ambos na cova?

40O discípulo não é supe­rior ao mestre; mas todo discípulo perfeito será como o seu mestre.

41Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho?

42Ou como podes dizer a teu irmão: Deixa-me, irmão, tirar de teu olho o argueiro, quando tu não vês a trave no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e depois enxergarás para tirar o argueiro do olho de teu irmão.

43“Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto.

44Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espi­nheiros, nem se apanham uvas dos abrolhos.

45O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio.

46Por que me chamais: Senhor, Senhor... e não fazeis o que digo?

47Todo aquele que vem a mim ouve as minhas palavras e as prati­ca, eu vos mostrarei a quem é semelhante.

48É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou bem fundo e pôs os alicerces sobre a rocha. As águas transbordaram, precipitaram-se as torrentes contra aquela casa e não a puderam abalar, porque ela estava bem cons­truída.

49Mas aquele que as ouve e não as observa é seme­lhante ao homem que construiu a sua casa sobre a terra movediça, sem alicerces. A torrente investiu contra ela, e ela logo ruiu; e grande foi a ruína daquela casa.” (= Mt 8,5-13)